Líquen
Esclero Atrófico
Sintomas,
causa,
tratamentos.
O Líquen Esclero Atrófico (LEA) é uma doença inflamatório crônica benigna, porém, destrutiva, com apresentação preponderantemente na região vulvar. (1)
Pode ocorrer em qualquer faixa etária, embora concentra-se mas em mulheres na pós-menopausa. Há associação com doença auto-imune, particularmente as doenças auto-imunes da tireóide. É raro o envolvimento da pele extragenital.
Seu sintoma clínico mais marcante é o prurido, intenso e persiste, que pode até prejudicar o sono. Entretanto, boa parte das pacientes podem se apresentar assintomáticas. Ao exame, observam-se placas brancas (hipocrômicas - que representam despigmentação da pele) em conjunto com áreas hiperpigmentadas ou eritematosas (avermelhadas). As placas concentram-se, predominantemente, na face interna dos grandes lábios e intróito vaginal, podendo se estender ao períneo e região perianal, apresentando o ‘formato de 8’. A pele da região adquire, progressivamente, um aspecto fino e frágil, como papel e, dependendo do tempo que a paciente apresenta essa condição, pode-se observar reabsorção dos pequenos lábios e ausência de clitóris.
O exame clínico revela aspectos peculiares desse tipo de dermatose vulvar:
- atrofia da pele com esbranquecimento do epitélio.
- destruição da arquitetura vulvar, em graus variados, podendo se apresentar com reabsorção do clitóris e pequenos lábios e, em casos avançados, estreitamento do introito vaginal.
Geralmente, a paciente queixa-se de prurido e ardor vulvar persistente associados à dor no intercurso sexual, que sinaliza intenso processo de atrofia vulvo-vaginal . A grande maioria das pacientes tem diagnóstico tardio, após passarem anos sendo tratadas como portadoras de vulvovaginite recorrente.
Tratamento
No momento, não há cura para o LEA. A principal linha de tratamento consiste no uso tópico de corticosteroides de alta potência. É fundamental salientar que o corticoide deve ser usado em baixas doses e pelo menor período possível para se evitar os efeitos colaterais da medicação: não só os efeitos sistêmicos como também a inibição da formação de colágeno na vulva.
Outros efeitos adversos do uso prolongado de corticoide tópico incluem atrofia cutânea, fragilidade tecidual, hipopigmentação, sensação de queimação, ressecamento, formação de telangectasias (pequenos vasos sanguíneos) e infecção fúngica multiresistente. Diante das desvantages do uso prolongado de corticoides tópicos e da baixa adesão das pacientes a essa terapêutica, novas formas de tratamento do LEA vem sendo cada vez mais empregadas, como é o caso da radiofrequência fracionada microablativa (RFM).
A RFM, bem como laser de CO2, têm sido usados na dermatologia e ginecologia em complicações severas. Por melhorar o trofismo da pele e mucosa, principalmente na vagina e região vulvar, são empregados no tratamento da atrofia vulvo vaginal (AVV). A melhora justifica-se por serem metodologias de tratamento que promovem a formação de novo colágeno, recuperando a resistência e elasticidade tecidual. Por apresentar essas qualidades terapêuticas, a RFM foi testada em estudo piloto conduzido pelo Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) para o tratamento de pacientes com diagnóstico de LEA. O estudo não só registrou a progressiva melhora clínica das pacientes como também comprovou, por meio de biópsias, a presença de maior quantidade de fibras de colágeno nos tecidos das pacientes participantes que receberam o tratamento. (3)
Conduta e perspectiva
- Controle dos sintomas: remissão do prurido.
- Prevenção e tratamento das complicações: prevenir a atrofia genital, a reabsorção tecidual e, consequentemente com isso, evitar a destruição da anatomia vulvar e comprometimento de sua funcionalidade.
- Suporte e monitorização: a paciente necessita ser acompanhada regularmente pois trata-se de uma dermatose vulvar sem cura mas que tem tratamento. Atualmente, com a RFM é possível não só impedir o avanço do LEA, como também recuperar a elasticidade tecidual perdida no processo da doença e, por isso, obter remissão dos sintomas de prurido e dor no intercurso sexual, sem os efeitos colaterais que o uso crônico de corticoide provocam.
Conclusão:
Foi demonstrado o potencial benéfico da RFM no tratamento da LEA. Com vantagens que se sobrepõem ao uso permanente de corticóide e com benefícios que se estendem por , pelo menos 6 meses sem os efeitos colaterais gerados pelo uso de corticoide.